O caruru é mais do que um prato típico baiano; ele é parte essencial das celebrações religiosas em homenagem aos santos gêmeos Cosme e Damião. Feito com quiabo, camarão seco, azeite de dendê e outros temperos, é preparado em grandes quantidades e distribuído gratuitamente como forma de devoção.  Essa tradição ocorre em setembro e reforça os laços entre a fé e a culinária, simbolizando a generosidade e a espiritualidade da cultura baiana. Foi oficialmente reconhecida como patrimônio imaterial da Bahia em setembro de 2024.  A iguaria, preparada com quiabo, camarão seco e azeite de dendê, é uma parte essencial da tradição religiosa e popular da Bahia, sendo ofertada primeiramente às crianças em uma prática conhecida como “caruru de sete meninos”. Essa importante manifestação conecta elementos das religiões católica e afro-brasileira. O reconhecimento do caruru como patrimônio imaterial pelo Conselho Estadual de Cultura da Bahia (CEC) ressalta a importância de preservar essa celebração secular, que é mantida por famílias e comunidades religiosas em todo o estado. O registro oficial foi publicado no Diário Oficial da Bahia em 27 de setembro, reforçando o valor cultural e afetivo dessa prática para a identidade baiana.  

O acarajé, mais do que um simples bolinho de feijão fradinho, frito em azeite de dendê e recheado com vatapá e camarão seco, é um símbolo profundo da cultura afro-brasileira. Em 2005, o ofício das baianas do acarajé foi tombado como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).  A iguaria carrega consigo uma forte conexão com o candomblé, sendo oferecida como comida sagrada aos orixás Xangô e Oyá. As baianas que vendem o bolinho não só perpetuam essa tradição, mas também preservam um modo de fazer que envolve práticas ancestrais, conectando passado e presente em cada tabuleiro.

A Bahia tem um papel de destaque na agricultura do Brasil, sendo o maior produtor de cacau em amêndoa do país. Em 2023, o estado produziu 139.011 toneladas, ultrapassando o Pará, de acordo com a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM 2023). Essa produção tem ganhado espaço internacional com iniciativas de cacau fino e orgânico, colocando o estado no mapa mundial dos chocolates premium. O estado também é um dos líderes em exportação de café. O produzido na Chapada Diamantina é considerado um dos melhores do Brasil e vem conquistando prêmios internacionais. Estudos da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) destacam que a Bahia é o quinto maior produtor do país, com crescente reconhecimento pela qualidade de seus grãos, que são exportados para mercados exigentes como o europeu e o norte-americano.  Esses produtos não apenas alimentam o mercado interno, mas também fortalecem a imagem da Bahia como um importante polo de produção agrícola sustentável e de qualidade.

A riqueza da culinária baiana não se limita ao litoral. No sertão, a biodiversidade única da Caatinga oferece ingredientes que são usados tanto na gastronomia tradicional quanto na contemporânea. O umbu, por exemplo, é uma fruta nativa da região que foi reconhecida pelo Slow Food como um alimento de valor inestimável para a conservação da biodiversidade. Já o licuri, um pequeno coco típico do semiárido, passou a ser valorizado não apenas pelo seu uso em receitas tradicionais, mas também pela sua relevância na gastronomia gourmet. Esses ingredientes não são apenas delícias regionais. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a agricultura familiar, que utiliza esses insumos, é responsável por grande parte da economia de subsistência do sertão baiano, gerando renda para milhares de famílias.  Esse ciclo virtuoso entre produção e consumo fortalece tanto a preservação de tradições culinárias quanto o desenvolvimento econômico sustentável.

A moqueca baiana é um dos pratos mais icônicos do nosso estado e exemplifica a riqueza dos sabores locais. Feita com peixe ou frutos do mar, azeite de dendê, leite de coco e pimentões, sua origem remonta às influências africanas e indígenas que moldaram a culinária da região.  Diferente de outras versões, como a capixaba, a moqueca baiana se destaca pelo uso do dendê, que lhe confere um sabor inigualável e uma cor vibrante. Este prato reflete a história do estado e o papel da comida como manifestação cultural.  

Uma premiação pode transformar a trajetória de um restaurante, oferecendo visibilidade e reconhecimento tanto no mercado local quanto internacional. De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), restaurantes premiados podem ver um aumento de até 30% na demanda após o reconhecimento.   Prêmios como o Melhores da Gastronomia – que celebra a excelência na cozinha baiana -, são vistos como uma chancela de qualidade que atrai novos clientes e reforça a posição do restaurante como referência no setor. Além do aumento direto na clientela, a premiação também contribui para o fortalecimento da marca do restaurante e de seus chefs, possibilitando parcerias e investimentos em novos projetos.   Isso também estimula o turismo gastronômico, um segmento em crescimento na Bahia, segundo dados da Secretaria de Turismo do Estado, que aponta a culinária como um dos principais atrativos turísticos da região.

A culinária baiana é reconhecida mundialmente não apenas como uma experiência sensorial, mas como um verdadeiro patrimônio cultural. Cada prato carrega a história, a resistência e a identidade de um povo que mescla influências africanas, indígenas e portuguesas, formando uma das culturas do paladar mais ricas e diversificadas do Brasil.  Um dos exemplos mais icônicos é o acarajé, reconhecido como patrimônio imaterial do Brasil em 2005. Além da iguaria, que é também um alimento sagrado nas religiões de matriz africana, pratos icônicos como a moqueca de peixe e o vatapá são exemplos da importância do azeite de dendê, da pimenta e do leite de coco na formação dessa identidade gastronômica.   De acordo com a Secretaria de Turismo da Bahia, a culinária local atrai turistas de todo o mundo, reforçando seu papel como um vetor de desenvolvimento cultural e econômico para o estado.